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Sobre a formação em filosofia clínica

Em se tratando de um curso de filosofia clínica, cabe começar a perceber quais são as próprias representações de mundo (Tópico 1), como também a representação de mundo das/os autoras/es indicadas/os. Com a representação de mundo podemos perceber outros tópicos: axiologia, buscas, estruturação de raciocínio, princípios de verdade, modos e formas de
conhecimento etc.

O cuidado com a linguagem que procuramos ter busca mais do que simplesmente prestar atenção à etimologia dos termos: tentamos exercitar uma aproximação com a fragilidade e com a dificuldade de tratar de algo tão delicado que é a clínica existencial. E isso parece que só é possível quando estamos dispostos a transitar pelo incerto e desconhecido.

Por sinal, antes de ser uma relação de conhecimento, é relação ética, ou seja, abertura para algo que não é tematizável ou assimilável. Sinto, às vezes, que as discussões ainda tendem a transcorrer no âmbito do que pode ser tematizado e assimilado. Para mim, discutir abstratamente as/os filósofas/os e suas ideias consiste em permanecer no espaço temático da filosofia. Espaço este válido e legítimo como o de qualquer outra disciplina. Esse espaço do tematizável, seja por qual disciplina for, ainda é um espaço estranho ao fenômeno clínico, ainda é o espaço disciplinar de exercício do poder do conhecimento e, portanto, estranho à filosofia clínica.

A clínica filosófica, por ser experiência ética – simplesmente estar em relação com outrem – ou seja, abertura para uma qualquer singularidade, única e absoluta em si mesma, é um espaço de exercício de acolhimento e cuidado. Talvez, por isso mesmo se trate aqui de um outro tipo de potência: a potência de não encobrir o fenômeno com outras luzes, de fazer espaço, de dar um passo ao lado…

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