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O Conceito de Homem no Pensamento Ético de Erich Fromm

O Conceito de Homem no Pensamento Ético de Erich Fromm

Will Goya
Resumo: A essência psíquica do homem resulta de dicotomias existenciais que nascem da debilidade biológica da espécie e que naturalmente impulsionam os indivíduos a desenvolverem suas potencialidades éticas intrínsecas. Porém, uma vez na sociedade capitalista alienadora, o homem perde o espontâneo amor à vida e transforma-se alternativamente em terrível amor à morte.
Palavras-chave: solidão, alternativas, amor universal

1. A Situação Humana
Na origem de sua existência, o homem se viu como um estranho no mundo; sentiu-se solitário e temeroso. Compelido para fora da Natureza, ele rompeu com as determinações biológicas do puro instinto, permitindo que a vida tomasse consciência de si mesma através da possibilidade de desenvolvimento da razão. Segundo Erich Fromm, num momento qualquer da Natureza, por um “capricho do universo” , essa nova espécie animal, o homem, perdeu sua aloplástica capacidade de adaptar-se ao ambiente selvagem e tornou-se biologicamente o ser mais inerme e desamparado do gênero. Se, em princípio, o homem se encontrava na totalidade com a Natureza, tornou-se fragmentado, solitário e carente do sentimento de união ao afastar-se dela. Devido à sua consciência imaginativa, capaz de transcender o instante presente, ele também descobriu o involuntário fato de que sua vida termina com a morte. A razão, uma vez deduzindo a finitude humana, viu-se presa à dicotomia irresolúvel entre vida e morte. E pressentindo jamais haver tempo suficiente para concretizar todas as suas ambições de vida, então experimentou a sensação fatídica da impotência.

Há, pois, conflitos existenciais inerentes à condição humana. E a necessidade de encontrar soluções para essas dicotomias congênitas, tanto da espécie quanto do indivíduo, é a causa original de todas as motivações psicológicas do homem. O medo da solidão original/existencial impulsiona o indivíduo a encontrar no seu semelhante o alívio de, já não sendo ele mero instinto, reconhecer-se humano, um animal social. Dessa forma, quando uma pessoa, em seus pensamentos ou ações, está intimamente em contradição com as exigências do grupo a que pertence, ela é capaz de tudo ao seu alcance para fugir do insuportável isolamento social. É nessa fuga que podem nascer as neuroses, a alienação psicológica e, segundo a abordagem psicanalítica que faz Erich Fromm das sociedades, as psicopatologias sociais. Porque o homem não é apenas um membro de determinada sociedade, mas também um membro da humanidade, quanto mais ele se torna humanista, solidarizando-se racional e espiritualmente com seu próximo e sua indiossicracia, então ele torna sua existência forte e autônoma o bastante para superar o ostracismo social de sua época. Como diz o autor: “a capacidade de agir de acordo com a própria consciência depende do grau em que o homem transcendeu os limites de sua sociedade e tornou-se cidadão do mundo” .

Reagindo àquelas contradições ontológicas do nascimento da consciência, a autosobrevivência psíquica busca uma direção humana que somente se desenvolve durante o crescimento da cultura, valendo-se o indivíduo dos seus poderes intrínsecos: a capacidade de amar e trabalhar numa atividade produtiva , reintegrando-se espiritualmente com a unidade cósmica, viva, da Natureza; e a capacidade de imaginação e razão, de conhecer objetivamente a realidade, a fim de tornar o espaço do mundo significativo e habitável para o homem. A bem dizer, o homem está irremediavelmente forçado a concluir o processo evolutivo de fazer-se totalmente humano, a procurar condições que melhor lhe atendam às necessidades inatas de sua natureza com a tarefa de anular sua inquietação existencial e psicológica que o impelem a ser livre por si próprio e criador de si mesmo. Na opinião do referido autor, toda a vida humana não é mais que a continuidade da congênita missão de dar nascimento a si mesmo, o que só é completamente possível ao morrer; “embora seja o trágico destino da maioria das criaturas morrer antes de nascer.”

Especialmente em O Medo à Liberdade, ele estuda a evolução histórica das comunidades pré-individualistas, anteriores à modernidade industrial, que valorizavam a totalidade social mas negligenciavam o indivíduo. Após se referir ao nascimento da história cultural do homem, ele faz um paralelo com o nascimento biológico do indivíduo, afirmando que a criança desenvolve suas potencialidades humanas sob condições socioculturais favoráveis exatamente como a raça humana também se transforma historicamente naquilo que ela já é potencialmente. Segundo Fromm, o nascimento de cada pessoa reproduz os mesmos conflitos básicos encontrados no imaginário e histórico surgir da civilização, muito embora não se possa disso concluir que toda criança fatalmente irá trilhar a mesma história que a civilização criou para si:. De maneira que ele põe a evolução psico-ontogênica basicamente ao lado da evolução filogenética, comparando abordagens paleo-antropológicas com abordagens psicológicas. Em suas palavras, assim ele afirma:
“Julian Huxley assinalou que a aquisição de uma consciência autoritária era um estágio no processo da evolução humana necessário antes do racionalismo e da liberdade terem chegado a um ponto que tornasse possível a consciência humanista; outros manifestam a mesma idéia quanto à criança. Embora Huxley esteja certo em sua análise histórica, não creio que com relação à criança, em uma sociedade não-autoritária, a consciência tenha de existir como condição prévia para a formação de uma consciência humanista.”

Essa necessidade básica de reintegração e unidade encontra, na psique, duas alternativas de solução. Numa delas, pode-se inconscientemente querer regredir à vida animal pré-humana anterior à racionalidade, com o propósito de apaziguar a insuportável sensação de isolamento. De que maneira? Abolindo a consciência de si mesmo, de suas qualidades humanas intrínsecas a serem desenvolvidas; fugindo às responsabilidades e esforços do crescimento e da liberdade. Nessa intenção regressiva de sedar os conflitos internos da mente, os indivíduos podem criar ideologias, socialmente aceitas, e prazeres narcisistas que recalcam a angústia ontológica do sentimento de solidão. Além de evitarem a percepção racional, também falseiam uma relação harmônica e integradora com o mundo. É o caso da violência urbana coletiva, num quadro de folie a millions, quando milhões de pessoas compartilham consensualmente dos mesmos vícios, de uma maneira não-problemática; numa sociedade “neurótica” igualmente regressiva. O mesmo acontece com as graves psicopatologias individuais, sendo estas as fugas regressivas que não foram culturalmente assimiladas como “normalidade” .

É importante esclarecer que para Erich Fromm um adulto querer viver dependente e emocionalmente como uma criança é uma atitude tão regressiva quanto se quiséssemos viver em culturas tribais. Para tomar um exemplo, analisa ele o erotismo em comunidades pré-individualistas que, portanto, ainda não se caraterizam pela tendência à propriedade. Observa-se ali, ao contrário de nossas relações burguesas, que o prazer é antes uma expressão natural do ser que o resultado neurótico da propriedade sexual. Todavia, diz ele, nem por isso se deve preconizar um retorno ao modo de vida dessas comunidades, simplesmente porque “…não podemos retornar, só podemos ir para frente” . Uma vez que o homem adquire um mínimo de liberdade, individualismo e racionalidade, verdadeiramente não há, em última instância, como “descartar-se daquilo que o torna humano e no entanto o tortura: sua razão e percepção de si mesmo”, que é para ele “o fardo de ser-se homem” .

A segunda alternativa de solução às dicotomias da “situação humana” é chamada por Fromm de progressiva. É a conquista de uma nova união existencial-espiritual mediante só o desenvolvimento de todas as faculdades humanas em potência no indivíduo; o que implica o reconhecimento da humanidade universal dentro de cada um e dentro das limitações impostas pelas leis exteriores à nossa subjetividade. Esta é verdadeiramente a solução para o problema da harmonia perdida, e também a única oferta de liberdade real para o projeto político de uma sociedade humanista. Conforme o autor, foi entre 1.500 e 500 a.C. que se pôde avistar a primeira forma radical de solução progressista através de grandes mestres plenamente nascidos e conscientes; como nos ensinamentos de Ikhnaton no Egito; de Moisés, entre os hebreus; de Lao-tsé, na China; de Buda, na Índia; Zaratustra, na Pérsia; dos filósofos na Grécia; e pelos profetas em Israel.

“Essas concepções foram em grande parte determinadas pelas maneiras de pensar; e em última análise pela prática da vida e a estrutura sócio-econômico-política de cada uma dessas culturas. Mas, conquanto a forma particular pela qual a nova meta foi expressa dependia de várias circunstâncias históricas, a meta era essencialmente a mesma: resolver o problema da existência humana, dando a resposta certa à pergunta feita pela vida, a do homem tornar-se plenamente humano e assim perder o terror da separação” .

O nascimento humano é visto, segundo Fromm, como um longo e árduo processo de maturação do amor e da razão, por meio dos quais o indivíduo se liberta do triste sentimento de separação da harmonia com a Natureza; sem jamais poder de fato voltar à origem. Sendo assim, fica claro que o problema do nascimento exige uma compreensão ampla da situação humana muito além da excessiva importância conferida ao seu aspecto meramente perinatal.

“A despeito de alguns indícios citados por Rank, o recém-nascido provavelmente dá-se muito pouca conta do que significa nascer. Acho que ’nascemos’ a todo instante. A todo instante defrontamo-nos com uma pergunta: devemos voltar ou devemos evoluir?”

2. A Natureza Humana
Uma pergunta se impõe aqui: como pode o homem ser livre e feliz se ele não consegue satisfazer-se? Segundo Erich Fromm, nem mesmo a mais absoluta satisfação das necessidades instintivas resolve o problema da ausência da felicidade humana, pois que o homem é algo mais que puro instinto. Para que o homem se realize em todas as suas potencialidades ele precisa, portanto, ir além de sua condição meramente biológica; ele precisa caminhar no sentido de desenvolver aquelas faculdades especificamente humanas e que lhe diferenciam dos animais, a saber: a razão, o amor e o trabalho produtivo. Sem estes traços que constituem e definem a peculiaridade da natureza humana, não há porque pensar em liberdade.

Observa-se que, para Fromm, o conceito de “essência” ou “natureza humana”, chave central de seu pensamento, não é definido como uma substância metafísica a priori, mas também ele não faz deste conceito algo puramente derivado do contexto sócio-econômico. De forma que o homem não é exaurido da sua historicidade, como uma universalidade abstrata, nem subjugado a determinações culturais inflexíveis. Deve-se entendê-lo tão só a partir de um significado existencial que deriva, filosoficamente, do surgimento histórico do “Homo sapiens” e do nascimento da criança . Em conclusão, o conhecimento dessa “natureza humana”, ou seja, da psique, deve basear-se unicamente na análise filosófico-existencial das necessidades básicas do homem resultantes da singularidade e contradições da situação humana.

“A dificuldade em encontrar uma definição satisfatória para a natureza do homem reside no seguinte dilema: se se admitir certa substância como constituindo a essência do homem, ficar-se-á forçosamente numa posição não-evolutiva, não-histórica, que implica não ter havido mudança básica no homem desde os primórdios de seu aparecimento… Pelo contrário, se se aceitar um conceito evolutivo e assim acreditar-se que o homem está constantemente mudando, o que resta para conteúdo de uma suposta ’natureza’ ou ’essência’ do homem? Esse dilema também não é solucionado por ’definições’ do homem como a de ser ele um animal político (Aristóteles), um animal capaz de prometer (Nietzsche), ou um animal que produz com previsão e imaginação (Marx); essas definições exprimem qualidades essenciais do homem, porém não se referem à essência do homem.”

“Acredito que o dilema pode ser solucionado como uma contradição inerente à existência humana”.

Como visto anteriormente, a liberdade para a escolha do evoluir não é uma questão resumida no mero subjetivismo da vontade individual. Ao lado dos conflitos existenciais, também há contradições sociais historicamente desenvolvidas. Todavia, enquanto os primeiros são essenciais à situação humana, e logo imutáveis, estas contradições, por terem sido criadas, são passíveis de revoluções históricas. É pois nessa antropologia filosófica que reside o pressuposto da sua utopia política em que pretende fazer uma terapia social.

Quando Fromm defende a idéia da existência de uma certa “natureza humana”, J. H. Schaar contra-argumenta dizendo que seu “naturalismo psíquico”, chamado por aquele de humanismo normativo, não responde satisfatoriamente às críticas epistêmicas de E. G. Moore e D. Hume. Para Schaar , Erich Fromm é um pensador falacioso porque desconsidera três postulados fundamentais: a) primeiramente, que a sociedade é em si mesma e por definição, algo mais do que o primitivo estado de Natureza; b) segundo, que é impossível um conhecimento completo acerca das leis da natureza humana, – exigência frommiana imposta pela teoria moral das ciências do homem, segundo a qual o bem é definido como realização das necessidades naturais e saudáveis. Bom, vale dizer que neste ponto a crítica de Schaar não é condizente, porque Fromm não crê num saber metafísico-absoluto ; c) e o terceiro postulado é que: se o mal de fato existe, é porque ele existe dentro da natureza humana; e logo, o homem é naturalmente mau. Embora Fromm reconheça a maldade como um fenômeno especificamente humano, para ele o mal é um princípio secundário, uma frustração do impulso natural para o bem. “O mal é a perda de si mesmo pelo homem na trágica tentativa de escapar ao fardo de sua humanidade” .

O raciocínio pelo qual Fromm quer deduzir sua doutrina terapêutica não é só para aliviar o indivíduo de suas cargas neuróticas, mas sobretudo para ser capaz de curar a sociedade como um todo. Para ele, se for possível conhecer as necessidades psíquicas essenciais do ser humano, isto é, aquelas transcendentes às variáveis culturais e aos diversos períodos da civilização, então esse conhecimento possibilitará também um julgamento global das organizações sociais. Tornar-se-á válido afirmar um critério moral e psicológico absolutos capaz de diagnosticar o valor de uma dada sociedade. Uma sociedade é sadia na medida em que satisfaz essas mesmas necessidades. Ele acredita que o empreendimento científico via uma Antropologia Psicológica empírica poderia constatar e comprovar objetivamente a existência psíquica de uma natureza humana universal. Porém, antes disso, o que ele faz realmente é uma análise filosófica da “situação humana” e de suas contradições existenciais intrínsecas, abstraindo, de forma conclusiva, elementos básicos ou imanentes da psique. As cinco necessidades essenciais do homem, como ele as concebe, em Psicanálise da Sociedade Contemporânea , medem o bem-estar do indivíduo. E é com suporte nelas que Fromm constrói sua crítica sociológica.

Como se disse anteriormente, as necessidades universais do homem resultam das condições universais de sua existência. No caminho da realização, há somente duas alternativas que se podem cumprir: l) a imaginária e ilusória regressão ao útero materno e aos instintos animais – que culmina tragicamente no sofrimento e na doença mental, e se recusa a própria e exigente liberdade; 2) a progressão à totalidade do si-mesmo, diminuindo, a cada passo, o temor do isolamento fundamental e assumindo a verdade de que não há outro significado satisfatório para a vida senão o viver de maneira produtiva. Para Fromm, a tremenda energia que subjaz às doenças mentais bem como as forças psíquicas que movimentam a criatividade das artes e das religiões jamais poderiam ser explicadas pelas necessidades fisiológicas frustradas ou sublimadas . Serão compreendidas apenas como tentativas de resolver o problema original do nascimento humano, de cuja satisfação produtiva depende a saúde mental do homem.

Dito isto, quais são as necessidades psíquicas básicas que constituem os desejos naturais e mais simples dos indivíduos e, com estes, da sociedade humanista? E como elas se diferenciam das paixões regressivas, que alimentam a sociedade consumista e que, por sua vez, são desenvolvidas nos indivíduos? Melhor dizê-lo de uma forma esquemática e de fácil leitura. Essas cinco necessidades, conforme Erich Fromm expõe na referida obra, são:

1ª DE RELACIONAMENTO: uma vez fragmentada a união absoluta com a Natureza, a consciência reconhece-se inteiramente solitária.
Alternativas:
a) amorosa
– preservando a própria liberdade e individualidade, com desvelo, responsabilidade, respeito e conhecimento (ex.: amor-próprio, amor erótico, amizade etc.)
b) simbiótico-narcisista
– unindo-se ao outro mediante a sujeição, tornando-se parte dele (ex.: pessoa, instituição, dogmas…)
– unindo-se dominando, fazendo do outro parte de si mesmo.

2ª DE TRANSCENDÊNCIA: devido ao sentimento de impotência frente ao involuntário fato de haver nascido e ter que morrer, também sem quaisquer escolhas.
Alternativas:
a) criadora (tendência primária)
– tornando-se criador do mundo em que se vive, afirmando seus intrínsecos poderes espirituais.
b) destrutiva (tendência secundária)
porém, conforme as condições socio-ambientais, se não for possível criar então se destruirá o mundo, superando a impotência existencial.

3ª DE RAÍZES: ao deixar de ser puramente animal, o homem precisa encontrar raízes próprias, substituindo o laço perdido da Natureza bruta de forma a torná-la humana para habitá-la.
Alternativas:
a) fraternal
– através do amor universalista, quando um único indivíduo encontra em seu semelhante a sua própria natureza comum: a humanidade.
b) incestuosa
– fundindo-se com o próprio sangue, o solo, o clã, a pátria (nacionalismo, racismo etc.)

4ª DE IDENTIDADE: de sentir-se como autor e objeto de suas próprias ações.
Alternativas:
a) de independência
– pelo desenvolvimento de uma personalidade centrada em si mesma, livre e individualizada.
b) de dependência gregária
– conformando-se com o grupo (religião, moda, classe etc.).

5ª DE UMA ESTRUTURA DE ORIENTAÇÃO E DEVOÇÃO: ou seja, com o desenvolvimento da consciência e dos sentimentos, surge a exigência básica de dar significado à existência e ao mundo.
Alternativas
a) racional
– aproximando-se da realidade pelo conhecimento objetivo do eu, da Natureza e da sociedade. Como o eu é uma entidade integral, o amor também dá sentido ao mundo mediante uma orientação subjetiva satisfatória.
b) irracional
– a necessidade de situar-se em meio ao desconhecido é de, pelo menos, alguma estrutura de orientação; não necessariamente verdadeira e objetiva. Logo, da maneira irracional, isso acontece mediante uma racionalização psicológica do conhecimento, através de desejos e temores pessoais.

3. Eros X Tanatos
Um esforço para esclarecer a filosofia moral de Erich Fromm não poderia vir a lume sem tocar na questão básica do problema da origem do mal a partir de uma sociedade determinada; questão a ser tratada neste item. A “essência do verdadeiro mal” é melhor sintetizada no Capítulo III de O Coração do Homem como um caráter social necrófilo, orientado contra a vida em si e, portanto, a humanidade. O termo necrofilia não significa um amor à morte, mas um amor às coisas mortas , a tudo o que não é vivo: cadáveres, sentimentalismo fixado no passado da memória, fezes, sujeira etc.

Em linguagem ética frommiana o caráter necrófilo é o mal . Em seus termos psicanalíticos, trata-se de uma orientação patológica que, ao lado do narcisismo e da simbiose incestuosa , forma o núcleo da doença mental grave no nível do indivíduo e ou da sociedade. No seu livro Psicanálise da Sociedade Contemporânea , Fromm recorda junto à obra de Freud, Civilizations and Its Discontentes, a importantíssima, porém difícil tarefa de diagnosticar as “neuroses coletivas” – visto que no caso da neurose individual há contraste entre o paciente e o suposto ambiente “normal”. Com esse propósito, neste mesmo livro, Erich Fromm estuda as enfermidades sociais entendidas como fenômenos de defeito socialmente modelado.

“O critério de saúde mental não é o de ajustamento individual a uma determinada ordem social, mas um critério universal, válido para todos os homens, que dê uma resposta satisfatória ao problema da existência humana”

Na sociedade capitalista o comportamento social estereotipado revela uma cultura profundamente mecanizada, cheia de gigantescas instituições, postas em atividade por meio de burocracias ao nível da impessoalidade. No espaço do industrialismo é certo que a instituição vale mais que os indivíduos que a sustentam. Neste caráter social improdutivo o enfoque do trabalho é centrado na técnica, na compartimentação, ordem e rigidez; enquanto que numa orientação produtiva (no imaginário e suposto “industrialismo humanista” ) o trabalho só vem valorizar a pessoa, a cooperação fraterna e a integração orgânica das atividades e funções no processo de produção. A totalidade espiritual inapreciável de um único ser humano é ajustada e constrangida aos modelos de produção econômica em série de massa. Sobretudo, os indivíduos tornam-se corroídos, salinizados pela atitude quantificante e abstrata do trabalho como um simples meio de lucro financeiro, pelos únicos prazeres de posse e de consumo.

Assim, o ser necrófilo verdadeiramente não exerce por si próprio a arte de viver, mas antes age passivamente através da repetição automática do comportamento social, marcada pelo tédio e pela ausência de alegria e vitalidade. Os clichês de comportamento canalizam-lhe condicionamentos e reduzem-lhe a vontade livre, diminuindo suas forças interiores e sua independência pessoal. Conforme diz Erich Fromm, a pessoa necrófila…

“é impelida pelo desejo de transformar o orgânico em inorgânico, de aproximar-se da vida mecanicamente, como se todas as pessoas vivas fossem coisas. Todos os processos, sentimentos e pensamentos vivos são transformados em coisas. Memória em vez de experiência; ter, em vez de ser, é o que interessa. O necrófilo pode relacionar-se com um objeto – uma flor ou uma pessoa – somente se possuir esta; por isso uma ameaça às suas posses é uma ameaça a ele mesmo; se perder a posse, perderá contato com o mundo. É por isso que deparamos com a reação paradoxal dos que preferem perder a vida do que as posses…”

Noutras palavras, o consumista padrão, de uma sociedade burguesa e por isso destrutiva, é freqüentemente capaz de sufocar em si a alegria do momento com o tolo objetivo de (como que antecipando a vida) se preparar para viver feliz no futuro; de gastar a maior parte da vida trabalhando para depois gozar a vida no pouco tempo que lhe resta. O modo capitalista, burocraticamente organizado, cria o Homo mechanicus, um homem alienado pela não-vida mediante um processo de “coisificação” , isto é, a pessoa transforma-se em um instrumento para finalidades alheias a si mesma, reduzindo-se a uma mercadoria. Entretanto, como o homem não é essencialmente um objeto de consumo industrial, ele começa por se destruir quando se converte numa coisa inerte. Desesperado e sem fé nas próprias forças, então reage querendo matar toda a vida. A coisificação é o traço de alienação que põe em evidência o caráter social necrófilo da burguesia. A título de exemplo das tendências destrutivas, eis uma citação de Erich Fromm:
“A pequena burguesia, a classe donde saíram os mais devotados seguidores de Hitler -, essas eram as pessoas cujas possibilidades econômicas e sociais estavam perto do zero, pessoas sem esperança porque o crescimento do capitalismo moderno condenara a classe delas ao declínio econômico. E quando os nazistas pintaram para essas pessoas um quadro idílico em que as grandes lojas de departamentos pertenceriam a todos os pequenos lojistas e todos teriam seu nicho, esse quadro foi demagogicamente muito poderoso, apesar de ser totalmente irrealista.”

Outra característica básica da necrofilia é sua capacidade destrutiva. Parafraseando Simone Weil, Erich Fromm define a força, sobretudo, como “a capacidade para transformar um homem num cadáver” . É o uso da força como um meio de vida. A reação antagônica a qualquer tipo de alegria espontânea e amorosidade profunda constitui-se, nesse contexto, como uma tentativa compensatória de anulação da dor da vida não-vivida. O amante do poder, em face da verdade ameaçadora do remorso de sua própria vitalidade frustrada, deseja e se compraz com a humilhação, o controle ou até a plena extinção da individualidade madura e do crescimento saudável do outro.

O crescer num mundo violento e cheio de medo, num cotidiano rotineiro e desestimulante, numa ordem mecânica sem contatos diretos nem relações de amizade entre as pessoas… enfim, todo esse comportamento especificamente moderno, revela o caráter social necrófilo que justifica a completa indiferença à vida, a calma neurótica ante os preparativos políticos e econômicos que podem deflagrar, inclusive uma guerra termonuclear .Essa é uma preocupação da população mundial nos anos da “guerra fria”, que Fromm bem conheceu ainda na dicotomia entre os blocos EUA e URSS.

De acordo com sua ética humanista o impulso para viver é inerente a todo organismo, de maneira que é um axioma da vida preservar sua própria existência, expandindo os poderes específicos de sua natureza. O indivíduo torna-se o que ele é potencialmente, realizando sua disposição ao crescimento. Dessa forma, conclui o autor, bem é tudo o que estimula a vida a concretizar o seu potencial, é a afirmação da vida e o desenvolvimento das capacidades do homem; sendo virtude o responsabilizar-se pela própria existência. Ao oposto, tudo o que mutila a vida e inibe os poderes humanos é mau; conquanto o vício reside na irresponsabilidade perante si mesmo .

Considerando isso, que o homem não é mau por natureza, a origem do mal é fruto da exterioridade, do caráter psicossociológico improdutivo numa cultura específica e determinada. O “instinto de vida” não é dicotomizado pelo “instinto de morte”, de destrutividade, que tende a desfazer exatamente o que Eros tenta realizar. Segundo as necessidades psíquicas ou espirituais elementares da pessoa, aquém de quaisquer condicionamentos históricos, o ser humano reclama na fonte do seu íntimo o desejo de transcendência do sentimento de solidão primordial. Como foi mostrado antes, o indivíduo tem duas alternativas básicas de resolver seus conflitos existenciais: uma forma produtiva e saudável e outra improdutiva e patológica. Para Fromm, na essência o homem procurará tornar-se criador do seu novo mundo humano, cheio de possibilidades múltiplas e maravilhosas de crescimento e realização. Mas, está claro que se o homem não puder criar ele destruirá ; se lhe reprimir a espontaneidade de amar, então aprenderá a ser amado mediante o poder da força.

“Em última análise, pode-se dizer que uma pessoa que não encontra alegria na vida tentará vingar-se e preferirá destruir a vida a sentir que não consegue encontrar qualquer sentido em sua vida. Pode estar ainda viva fisiologicamente mas psicologicamente está morta. É isso que dá origem ao desejo ativo de destruir e à necessidade apaixonada de destruir tudo, incluindo a própria pessoa, em vez de confessar que nasceu mas não logrou se tornar um ser humano vivo. Isso é um sentimento amargo para quem o experimenta e não nos entregamos a mera especulação se admitirmos que o desejo de destruir decorre desse sentimento como uma reação quase inevitável.”

Erich Fromm recusa o dualismo ontológico do bem versus o mal, assim como nega o oposição psicológica dos princípios naturais de Eros e Tanatos. A base do seu pensamento ético é essencialmente Eros, uma vez que o amor à vida é uma potencialidade primária e espontânea, e o amor à morte uma potencialidade secundária. O que decidirá a prevalência de um ou outro tipo de amor, numa sociedade, é o caráter social presente nela, seja orientada para a biofilia ou para a necrofilia. A maioria das pessoas possui uma mistura de ambas as orientações; na verdade , “o necrófilo puro é insano; o biófilo puro é um santo” Acontece que, socialmente, o predomínio de uma sobre a outra lentamente começa por extinguir o lado menos forte. Então se uma nova geração de crianças, cheias de vida, convive numa cultura de tédio e ausência de solidariedade, ela desenvolve a mesma infelicidade comum e pessimismo dos que não vêem beleza no mundo. Ao contrário, quando o homem é atraído por tudo que é vida , ele vê a totalidade em vez das partes isoladas, prefere a aventura de construir algo novo do que manter-se assegurado confirmando o que é velho e certo.

Como há condições sociais que fomentam a necrofilia, também existem outras que simplesmente permitem o desenvolvimento espontâneo dos valores biofílicos nos indivíduos . Visto que “o amor à vida é tão contagioso quanto o amor à morte” , acreditar na necessidade intrínseca de utilizar a força e a violência diminui a resistência à brutalização crescente na sociedade. Talvez isso justifique o radicalismo utópico do princípio de não-violência, de Erich Fromm, que começa a partir do indivíduo, influenciando grupos e multiplicando-se em coletividades cada vez maiores.

Afirmando a natureza humana como instinto básico de vida social , como essencialmente Eros, Erich Fromm se distingue da metapsicologia de Freud em Além do Princípio do Prazer (1920). Este, segundo ele, concebeu um “instinto de morte” devido a estar forte e pessimistamente impressionado com a grandeza da destrutividade humana vista na Primeira Guerra Mundial. Porém, ainda que Freud, remanescente do iluminismo e do otimismo do séc. XIX, que acreditava ser o homem motivado unicamente pelo desejo de viver, tenha se tornado cético, ele o fez com grande profundidade de pensamento . É o que fala Erich Fromm:
“Eu poderia admitir que a concepção do instinto da morte por Freud seja de fato altamente especulativa – tanto mais por se basear em outra concepção, a da compulsão repetitiva, para a qual ele apresenta pouquíssimas provas cruciais. Como ele oferece reduzidas provas, a concepção toda é um vácuo teórico. Mas não creio que isso altere o fato do Freud do pós-guerra ter ultrapassado muito o pensamento do Freud anterior. Desvencilhando-se dos atavios do iluminismo ele pode ver mais tão profundamente o conflito na existência do homem e a realidade do mal e da destrutividade. Se explicou o assunto corretamente, ou não, é outra questão.”

Para Fromm, o suicídio, como fenômeno patológico, não contraria o princípio geral de que o impulso para viver é próprio de todo organismo, e que o homem não pode deixar de querer viver independentemente das idéias que ele gostaria de ter a respeito . Do ponto de vista filosófico, explica ele que a contradição do suicídio nasce quando o homem falha em cumprir o objetivo da vida de preservar-se vivendo; e se o falha é devido a uma necrofilia configurada socialmente que lhe impossibilita o natural crescimento saudável. Segundo Fromm, essa contradição se explica no âmbito da psicologia. “O instinto de morte representa Psicopatologia e não, como na opinião de Freud, parte da Biologia normal” .

Posso dizer que a mesma guerra que levou Freud a um tanatologismo pessimista, também gerou em Fromm uma profunda esperança de vida. Todavia, este pensador está muito longe de acreditar na bondade do homem como única potencialidade – assim como de crer no extremo oposto. Aliás, reconhece ele que é missão da Psiquiatria, da Psicanálise e das Tradições espirituais compreender as condições da existência da bondade e maldade humanas e, acima de tudo, “conceber métodos pelos quais se possa fomentar o acontecimento favorável e deter o maligno” . Destes métodos, Erich Fromm releva com especial atenção os ensinamentos e a prática do budismo zen .
4. A Ética Universal
Recapitulando as bases do Eros frommiano, vê-se que a natureza humana é congenitamente puro instinto de vida, de autopreservação, com tendência para integrar-se e unir-se; que não há nada de substancial ou positivo no tanatos. Disso não se conclui que no mundo não exista, objetivamente, maldade nem destruição. Porém, os anelos de morte caracterizam-se como potência apenas secundária/, não-espontâneos, não-naturais e sim compulsivos. De maneira que a necrofilia é um gênero de vida que solapa o crescimento-nascimento humano, aleijando a individualidade e integridade espiritual do eu.

Livre dos vínculos primários das sociedades pré-individualizadas e do útero materno, o homem do capitalismo moderno procura mitigar a angústia insuportável do sentimento de solidão e impotência mediante formas psicossociais de mecanismo de fuga: o autoritarismo, a destrutividade e o conformismo de autômatos (além do consumismo compulsivo). Se “livre de” vínculos primários, num sentido negativo, o homem hodierno, alienado pelo caráter social improdutivo, ainda não é “livre para” realizar-se plenamente enquanto totalidade criadora.

Sendo Eros, filosoficamente, a essência primeira da natureza humana, a ética deve basear-se neste princípio como a raiz do humanismo filosófico . É o que Fromm chama em O Coração do Homem de ética biofílica, para a qual bem é tudo o que serve à vida e à alegria e mal tudo o que serve à morte. Por outro lado, a investigação ética do que é virtude ou vício conjuga-se com a caracterologia psicanalítica a despeito do que é ou não saudável. Exatamente, ela ajuda a entender a motivação dos juízos de valor e comportamentos, embora não estabeleça a validade objetiva destes.

“Uma virtude isolada do contexto do caráter pode, no fim, não ser nada valiosa (como, por exemplo, a humildade causada por medo ou que vise a compensar a arrogância suprimida), ou então um vício será encarado sob diferente luz se considerado no contexto de todo caráter (como, por exemplo, arrogância como expressão de insegurança e autodesprezo). Essa consideração é enormemente relevante para a Ética… A matéria da Ética é o caráter, e só com relação à estrutura do caráter como um todo é que se podem fazer afirmações válidas acerca de traços ou ações isoladas. O caráter virtuoso ou vicioso, e não virtudes ou vícios isolados, é o verdadeiro tema da investigação ética” .

Fromm não é um pensador sistemático; todavia, em se tratando da questão ética – centro do seu pensamento -, na totalidade de sua obra Análise do Homem, ele trata do problema de uma maneira metódica e concentrada, como não o faz em outros escritos sobre o mesmo tema. Ali afirma que a essência da orientação moral-universal é possível tão só através da autoconsciência profunda de cada um. Embora a consciência moral humanista seja o conhecimento íntimo de si, este possui uma qualidade afetiva além do plano mental do pensamento abstrato, pois que é uma manifestação da personalidade total.

A consciência humanista é oposta à autoritária. Em termos éticos, a primeira é inerente e representa a voz universal do crescimento humano face ao desejo natural de felicidade e integridade do eu. A segunda pode ser definida como resultado da interiorização de ordens e tabus da sociedade ambiente (pais, Igreja, Estado etc), ou seja, o que Freud descreveu como Superego. Na consciência humanista, as atitudes e sentimentos pessoais quando estão em acordo com o bem-estar da psique saudável, isto é, quando afirmam a verdade do princípio de Eros, provocam uma sensação de aprovação íntima, de retidão moral . Já ao contrário, na autoritária, “atos, pensamentos e sentimentos nocivos à nossa personalidade (saudável) provocam uma sensação de desassossego e mal-estar, característica de uma “consciência culpada” . Mas, um indivíduo de consciência autoritária pode muito bem forjar-se uma tranqüilidade que não existe de fato. Caso ele não possa aprovar-se a si mesmo, por negligenciar os poderes benígnos do seu próprio eu, precisará encontrar na aprovação exterior um sucedâneo para a sua auto-aprovação, acreditando, assim, poder compartilhar da sua força superior, idolatrando-a . Dessa maneira poderá suprimir no inconsciente o medo de ser punido e permanecer como se a consciência não se sentisse culpada.

Entretanto, o autor desqualifica os termos “absoluto” e “relativo” com referência à ética, dizendo que essa conceituação dogmática é bem um resquício da premissa teísta de um poder perfeito em relação direta com a qual o homem é inevitavelmente imperfeito e “relativo” . Logo, Erich Fromm se vale da diferença entre ética universal e socialmente humanista e ética autoritária. Por ética universal, refere-se ele às normas de conduta cuja meta seja a individuação e satisfação produtivas das necessidades psíquicas essenciais de quaisquer seres humanos.
“Um exemplo do conceito de ética universal pode ser encontrado em normas como ’Ama ao próximo como a ti mesmo’ ou ’Não matarás’. De fato, os sistemas éticos de todas as grandes culturas revelam uma similaridade assombrosa naquilo que é considerado indispensável ao desenvolvimento do homem, de normas que procedem da grandeza do homem e das condições necessárias ao seu engrandecimento” .

Já a ética socialmente imanente abarca a estrutura moral das normas, que contém proibições e mandamentos, necessários à manutenção do caráter social de uma cultura particular. Para que uma sociedade patriarcal sobreviva e se desenvolva, é necessário um vínculo simbiótico entre seus membros, uma submissão a regras niveladoras de comportamentos consuetudinários. Essas regras modelam os valores de virtude conforme o modo específico de produção e de vida. Assim, por exemplo, o sistema industrial exige e prestigia culturalmente o conceito de “bondade”, porém imputando-lhe, subliminarmente, um sentido de “obediência” e “serviçalismo”. Moral essa favorável e diferenciada de uma classe sobre outra, embora nas chamadas sociedades democráticas as normas éticas humanistas e as socialmente imanentes se encontrem lado a lado gerando um conflito entre as necessidades existenciais da situação humana universal e as necessidades sociais condicionadas historicamente. A contradição deve ser evidenciada, segundo Erich Fromm, e não sofismada com tentativas ideológicas de soluções harmoniosas. Do contrário, não se perceberia que as contradições aparentes na sociedade são resultantes dela.

“A missão do pensador ético é sustentar e fortalecer a voz da consciência humana, reconhecer o que é bom e o que é mau para o homem, sem levar em conta se isso é bom ou mau para a sociedade em um período especial de sua evolução… A contradição entre ética socialmente imanente e a ética universal se reduzirá e tenderá a desaparecer, na mesma proporção em que a sociedade se torne verdadeiramente humana, isto é, cuide do pleno desenvolvimento de todos os seus membros.”

Will Goya

Cf. Erich Fromm, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. tradução de E. A. Bahia e Giasone Rebuá. 10ª Ed. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1983, p.36.
Cf. Idem, Meu Encontro Com Marx e Freud. tradução de Waltensir Dutra. 7ª Ed. Rio de Janeiro: GUANABARA, 1986, p.121.
“Na atividade não- alienada, sinto-me como o sujeito de minha atividade. Atividade não-alienada é um processo d
e dar à luz alguma coisa, de produzir alguma coisa e permanecer relacionado com ela. Isso também implica que minha atividade seja uma expressão de meus poderes, que eu, minha atividade e o resultado de minha atividade sejam uma só coisa. Chamo essa atividade não-alienada de atividade produtiva.” In: Idem, Ter ou Ser? tradução de Nathanael C. Caixeiro. 4ª Ed. Rio de Janeiro: GUANABARA, 1987; p.99.
Cf., Idem, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., p.39.
Idem, Análise do Homem. tradução de Octávio Alves Velho. 7ª Ed. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1970, p.145-6.
“Para Fromm …à medida que a história progride, cada geração incorpora em si todo o processo no sentido da liberdade e da satisfação produtiva das necessidades básicas, obtido pelas gerações anteriores. Essa assimilação é de tal natureza que, se o homem procurar negar o processo, as conseqüências serão patológicas” In: SCHAAR, John H. O Mundo de Erich Fromm; tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1965, op. cit, p.60.
Cf. Erich FROMM, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., Capítulo II: “Pode uma Sociedade Estar Enferma? – A Patologia da Normalidade”. Ver também in: ibid., p.40.
Cf. Idem, Ter ou Ser?, op. cit., p.89-90.
Cf., Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal. tradução de Octávio Alves Velho. 6ª Ed. Rio de Janeiro: GUANABARA, 1981, p.131-2.
Cf. Idem, Ibidem, p.132-3.
Cf. EVANS, Richard I. Diálogo com Erich Fromm; tradução de Octávio Alves Velho. Rido de Janeiro: ZAHAR, 1967, op. cit., p.34-5.
“Embora seja certo que o homem pode adaptar-se a qualquer condição, ele não é uma folha de papel em branco na qual a cultura escreve o seu texto.” In: Erich FROMM, Meu Encontro Com Marx e Freud; op. cit., p.80; ver também a página 32 do mesmo livro.
A respeito, ver também in: Erich FROMM, Análise do Homem; op. cit., p.30
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p. 128-9.
Cf. SCHAAR, John H. O Mundo de Erich Fromm; op. cit., p. 29-31.
“A natureza humana nunca pode ser observada como tal, mas somente através de suas manifestações específicas em situações específicas. Ela é uma formulação teórica que pode ser inferida por meio do estudo empírico do comportamento do homem.” In: Erich FROMM, Análise do Homem; op. cit., p.30-1.
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.166.
Cf. por ex.: Idem, O Espírito de Liberdade. tradução de Waltensir Dutra. 4ª Ed. Rio de Janeiro: GUANABARA, 1988; p. 53.
Cf. Capítulo III do livro.
Cf. Erich FROMM, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., p. 42.
Cf. Idem, Em Nome da Vida: um retrato através do diálogo, p.110. In: Do Amor à Vida. tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 1986.
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.50.
Transferência da função maternal da mãe para a família, o clã, a nação, a raça, etc.
“Proponho que se denomine o objetivo comum à origem de tanto sadismo quanto do masoquismo de simbiose, nesta acepção psicológica, significa a união de um eu individual com outro eu (ou com qualquer outra força extrínseca ao próprio eu), de maneira tal a fazer cada um perder a integridade do próprio eu, a torná-los completamente dependentes um do outro.” In: Idem, O Medo à Liberdade. tradução de Octávio Alves Velho. 14ª Ed. Rio de Janeiro: GUANABARA, 1983; p.130.
Cf. p.33-4 do referido livro.
“Já que o termo neurótico é tão amiúde empregado para indicar ausência de funcionamento social, preferimos não falar de uma sociedade como sendo neurótica, mas antes como sendo infensa à felicidade e à auto-realização humana”. In: Erich FROMM, O Medo à Liberdade, op. cit., p.117. Como “deficiência configurada socialmente”. In: Idem, Análise do Homem; op. cit., p.188. Ou como “patologia da normalidade”. In: Idem, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., p.19
Cf. Idem, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., p.28.
Cf. Idem, Ibidem, capítulo. V – “O Homem na Sociedade Capitalista”.
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.43-4.
Cf. Idem, Ibidem, capítulo. III e, também, in: Idem, Análise do Homem; op. cit., p.209.
Cf. idem, Em Nome da Vida: um retrato através do diálogo; op. cit., p.112.
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.42.
Cf. Idem, Ibidem, p. 60-1.
Cf. Idem, Análise do Homem; op. cit., p.26-8.
“Camus exprimiu essa idéia sucintamente ao fazer Calígula dizer: `Vivo, mato, exercito o enlevado poder de destruidor comparado ao qual o poder de um criador é simples brincadeira de criança’.” In: Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p. 33.
Cf. Idem, Em Nome da Vida: um retrato através do diálogo; op. cit., p.112-3.
Cf. idem, Ibidem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.51.
Antes de surgir o conceito básico de necrofilia, nesta obra, Fromm subdivide o caráter improdutivo em subtipos de orientação receptiva, exploradora, acumulativa e mercantil, in: Idem, Análise do Homem; op. cit.
“O amor à vida se desenvolverá mais numa sociedade onde houver: segurança, no sentido das condições materiais básicas para uma vida digna não estarem ameaçadas; justiça, no sentido de ninguém poder ser um fim para os objetivos de outrem; e liberdade, no sentido de cada homem ter possibilidade de ser um membro ativo e responsável da sociedade.” In: Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.57.
Cf. Idem, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.55
“Cremos que o homem é primordialmente um ser social, e não, como Freud admite, primordialmente auto-suficiente e só secundariamente necessitando de outros para satisfazer suas necessidades instintivas.” In: Idem, O Medo à Liberdade, op. cit., p.228.
“Desenvolvi os conceitos de necrofilia e biofilia com base em minha experiência clínica, mas os conceitos de Freud de eros e de desejo de morte contribuíram também para o meu pensamento.” In: Idem, Em Nome da Vida: um retrato através do diálogo; op. cit., p.111.
In: EVANS, Richard I. Diálogo com Erich Fromm; op. cit., p.68.
Para uma opinião que busca contradizer diretamente Fromm: “Em nossa época, talvez apenas Freud tenha encontrado um homem com uma essência tão real que a sociedade não pôde negá-la. E conseguiu isto através de sua teoria dos instintos. Estes podem, até certo ponto, ser controlados pela sociedade, mas não podem ser reformulados de modo permanente nem podem ser negados por longo tempo. Constituem a essência de uma natureza humana que ameaça constantemente a sociedade, desde baixo”. In.: O Mundo de Erich Fromm; op. cit., p.77.
Cf. Erich FROMM, Análise do Homem; op. cit., p. 26.
Para uma opinião contrária, ver: O Mundo de Erich Fromm; op. cit., p.36.
Cf. Erich FROMM, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p. 54.
Fromm lembra que o instinto de morte às vezes chamado tanático na literatura psicanalítica, não o foi pelo próprio Freud. In: Idem, Ibidem, p.53.
Cf. Idem, Ibidem., p. 137; ver também, p.22.
Para somente algumas referências sobre a esperança não-passiva de paz da humanidade, ver: in: Idem, O Espírito da Liberdade; op. cit., p.124.; in: Idem, Ter ou Ser?, op. cit., p.85-7 e 109.; in: Idem, Psicanálise da Sociedade Contemporânea. op. cit., p.33, 203 e 232.
Erich FROMM et alii. Zen-Budismo e Psicanálise. tradução de Octávio Alves Velho. São Paulo: CULTRIX, sem data (original de 1960).
“O amor à vida está na base das várias versões da filosofia humanista”. In: Erich FROMM, O Coração do Homem – seu gênio para o bem e para o mal; op. cit., p.51.
Cf. Idem, Análise do Homem; op. cit., p.38.
“Mas no domínio da fisiologia e, assim como no da psicologia, pesquisadores encontraram sinais do que poderíamos chamar uma ’consciência saudável’, um senso do que é bom para nós; e se as pessoas escutam essa voz dentro delas, não obedecerão à voz de alguma autoridade externa”. In: Idem, Afluência e Tédio em Nossa Sociedade, in: Do Amor à Vida; op. cit., p.31.
Cf .Idem, Análise do Homem; op. cit., p.139 (parêntese e esclarecimento meus).
“O homem transfere para o ídolo suas paixões e qualidades. Quanto mais se empobrece, tanto maior e mais forte se torna o ídolo. Este é a forma alienada da experiência que o homem tem de si mesmo. Ao cultuar o ídolo, o homem cultua a si mesmo. Mas esse eu é um aspecto parcial, limitado, do homem: sua inteligência, sua força física, sua energia, fama etc.” In: Idem, , O Espírito da Liberdade; op. cit., p.39-40.
Cf. Idem, Análise do Homem; op. cit., p.201
Cf. Idem, Ibidem, p.203
Cf. Idem, Ibidem; p.206

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